quinta-feira, 15 de agosto de 2019
DIFERENÇA ENTRE ECOCARDIOGRAMA E ELETROCARDIOGRAMA
Durante muitas décadas o eletrocardiograma (ECG) foi o único exame usado na avaliação cardiológica e pré-anestésica de cães e gatos. O ecocardiograma era restrito somente a hospitais escolas de grandes universidades. Através da análise de duração e amplitude das ondas do ECG, tentava-se associar com alterações como dilatação das câmaras cardíacas, associada com os achados das radiografias e necrópsia. Porém, as radiografias não tem exatidão para diagnosticar cardiomegalia. Com o advento da Cardiologia Veterinária no final da primeira década dos anos 2000, o ecocardiograma começou a ficar mais acessível e disponível em grandes hospitais.
Alguns estudos ao final da década de 90 mostraram que as indicações de dilatação cardíaca que o ECG apontavam, não condiziam com a real situação mostrada pelo ecocardiograma. E, portanto, o uso do ECG para diagnóstico de cardiomegalia não é recomendado. Nesse post vamos abordar as diferenças entre eles.
O ECG é usado somente para avaliação do ritmo cardíaco, se tem alguma arritmia cardíaca e eixo elétrico. Na avaliação dessas alterações, inclui a duração de ondas e segmentos, mas não com o objetivo de apontar dilatação cardíaca. Em Medicina Humana o ECG, também é usado para avaliação de infarto do miocárdio.
O ecocardiograma é o ultrassom do coração, ele mostra uma imagem bidimensional do coração, mostrando todas as estruturas internas e permite medir o diâmetro, espessura e volume. O ecocardiograma realmente mostra se tem ou não dilatação das câmaras cardíacas e o tipo da doença que está causando o sopro.
Qual desses dois exames pedir em uma avaliação pré-anestésica?
O ideal seria solicitar os dois, pois são complementares e durante a anestesia o ECG é usado para monitoração do paciente.
Caso haja necessidade de escolher por um só, o IDEAL e RECOMENDADO, é o ecocardiograma. Além de mostrar os parâmetros acima mencionados, o ecocardiograma mostra particularidades importantes tanto da raça quanto do animal, que vão influenciar na decisão do protocolo anestésico e na em caso de emergência. As raças abaixo são raças em que ECG é obrigatório, pois são raças com elevada predisposição e incidência de arritmias cardíacas:
- Schnauzer
- Doberman
- Boxer
- Pastor Alemão (até os 18 meses)
Para agendar uma avaliação cardíaca ligue para (16) 3237-2024.
sexta-feira, 9 de agosto de 2019
COLAPSO DE TRAQUEIA - CONSIDERAÇÕES FINAIS
- O colapso de traqueia deve ser considerado uma doença grave.
- Quanto mais cedo for diagnosticada, melhores as chances de ter a cura ou remissão com o estanozolol.
- Nos casos em que a cirurgia de stent faz-se necessária, o quanto antes for realizada melhor.
- Quanto mais se espera, mais a doença progride, mais grave serão os sinais clínicos e menos efetiva será a resposta.
A decisão de qual conduta tomar, exige exames como a traqueoscopia/broncoscopia e uma completa história dos sinais clínicos.
Para agendar uma consulta, entre contato (16) 3237-2024 e (16) 98252-0132.
quarta-feira, 7 de agosto de 2019
COLAPSO DE TRAQUEIA - TRATAMENTO
O tratamento do colapso de traqueia em cães até poucos anos baseava-se em suplementação com condroitina/ glucosamina. A eficácia dessas medicações nunca foi comprovada para os casos de colapso de traqueia, ao contrário do que ocorre com doenças articulares.
Na atualidade temos dois tratamento disponíveis; o CLÍNICO e o CIRÚRGICO.
Tratamento Clínico
O tratamento clínico inclui o uso de medicamentos. Inicialmente usa-se corticoide ou anti-inflamatórios não-esteroidais e nos casos mais leves ocorre boa resposta (amenização ou desaparecimento da tosse seca). Com a progressão do colapso de traqueia a resposta ao corticoide vai ficando mais escassa. Então opta-se pelo uso de derivados de opioides, via oral ou injetável. Desde o início dos sinais clínicos, a suplementação com condroitina/glucosamina faz parte do tratamento.
A Grande Novidade no Tratamento do Colapso de Traqueia em Cães
Desde 2016, venho usando o estanozolol, um anabolizante esteroidal, usando por fisiculturistas. Um estudo realizado em cães com colapso de traqueia em 2013, mostrou que o uso do estanozolol por 75 dias, promoveu 67% de cura nos cães, com maior incidência nos graus mais leves (1 e 2) e menor no grau 3. Nos pacientes que não houve a cura, houve a regressão. Cerca de 7% dos pacientes não responderam ao tratamento. Até o momento, tenho cerca de 11 cães que foram tratados e 4 tiveram completa remissão dos sinais clínicos. Devido a restrição financeira de alguns clientes, o estanozolol foi usado mesmo em cães diagnosticados em grau 4 (grau mais grave e que requer cirurgia) e o resultado não foi o esperado ou o animal acabou vindo a óbito no meio do tratamento devido a gravidade do quadro.O estanozolol é um medicamento extremamente controlado e na forma oral pode lesionar o fígado e promover hipertensão arterial, portanto para seu uso, faço exames completos de sangue e aferição de pressão arterial ao longo dos 75 dias de tratamento.
Tratamento Cirúrgico
Até pouco o tratamento cirúrgico deve ser feito somente quando todas as opções de tratamento clínico se esgotasse. Porém, hoje sabemos que nos pacientes com grau 3 com sinais clínicos de língua-roxa/cianose e desmaios e nos grau 4, a cirurgia deve ser feita, para prevenção da morte por asfixia.
O tratamento cirúrgico, inclui dois tipos de cirurgias, a invasiva e a não-invasiva. A cirurgia invasiva é aquela em que é feito um corte (incisão) na região do pescoço e a traqueia até onde é possível acessá-la (entrada do tórax) é ancorada nos tecidos adjacentes. É uma técnica que só pode ser usada nos casos de colapso cervical e o cirurgião precisa ser muito habilidoso pois é uma região delicada e cheia de nervos. Existe relativa incidência de complicações.
O método não invasivo e mais moderno e usado mundialmente, inclui o uso do stent. Essa técnica foi usada inicialmente em 2004, com um stent biliar adaptado. Desde então tanto a técnica e o material foram evoluindo. Em 2012 eu fiz a primeira cirurgia de stent no Brasil, em um Poodle, que tinha 12 anos de idade. Ele veio a óbito em 2019 pois caiu na piscina. Mas viveu bem desde então.
Hoje somo mais de 80 animais e desde então e após cada cirurgia, fui aprendendo qual o animal era o mais elegível da cirurgia e aprimorando a técnica. A cirurgia de stent traqueal para o colapso de traqueia exige muita habilidade e o detalhe da mensuração da traqueia é o sucesso da cirurgia.
A taxa de complicação é relativamente baixa.
Imagem radiográfica de um cão após cirurgia com stent traqueal
Para a eleição do melhor tratamento é necessário uma minuciosa avaliação dos sinais clínicos e ter em mãos os resultados da traqueoscopia/broncoscopia.
Para agendar uma consulta, ligue para (16) 3237-2024 ou (16) 98252-0132.
terça-feira, 6 de agosto de 2019
COLAPSO DE TRAQUEIA - DIAGNÓSTICO
O diagnóstico do colapso de traqueia em cães é simples uma vez que os exames de eleição são certeiros e sem margem de erro no diagnóstico. Abaixo falaremos um pouco de cada um deles.
Traqueoscopia/Broncoscopia
É o exame de eleição, padrão ouro no diagnóstico do colapso de traqueia em cães. É um exame rápido, que necessita de leve sedação para sua realização. Nesse exame é possível ver a integridade da traqueia, o grau do colapso bem como sua localização, se tem inflamação, secreção e colapso dos brônquios. Permite colher material (secreção, pedaços de massas) para avaliação laboratorial e patológica. É muito importante saber se os grandes brônquios estão colapsados também por questão de prognóstico e elegibilidade da cirurgia de stent.
Imagem da traqueoscopia da traqueia normal de um cão.
Traqueoscopia de um cão com colapso de traqueia.
Tomografia Computadorizada Helicoidal
É outro exame de eleição também considerado padrão ouro no diagnóstico. Exige leve sedação sendo um pouco mais demorado. Quanto mais canais for o aparelho, mais potente ele é no diagnóstico. Cães muito pequenos a visualização dos brônquios fica prejudicada. Não informa sobre integridade da traquéia.
Imagem tomográfica do colapso traqueal em um cão.
Fluoroscopia
Também padrão ouro no diagnóstico, porém não muito disponível no Brasil. Não permite ver a integridade da traquéia e nem retirada de material.
Fluoroscopia de um cão com colapso de traqueia
Radiografias
Usadas durante décadas como exame para fechar o diagnóstico, as radiografias tem baixíssima sensibilidade e potencial diagnóstico do colapso de traqueia em cães. Primeiramente se as radiografias mostrarem o colapso, é necessário descartar se não há sobreposição do esôfago como mostram as imagens abaixo.
Colapso Verdadeiro
Peça anatômica mostrado a sobreposição do esôfago sobre a traqueia.
Traqueoscopia/Broncoscopia
É o exame de eleição, padrão ouro no diagnóstico do colapso de traqueia em cães. É um exame rápido, que necessita de leve sedação para sua realização. Nesse exame é possível ver a integridade da traqueia, o grau do colapso bem como sua localização, se tem inflamação, secreção e colapso dos brônquios. Permite colher material (secreção, pedaços de massas) para avaliação laboratorial e patológica. É muito importante saber se os grandes brônquios estão colapsados também por questão de prognóstico e elegibilidade da cirurgia de stent.
Imagem da traqueoscopia da traqueia normal de um cão.
Traqueoscopia de um cão com colapso de traqueia.
Tomografia Computadorizada Helicoidal
É outro exame de eleição também considerado padrão ouro no diagnóstico. Exige leve sedação sendo um pouco mais demorado. Quanto mais canais for o aparelho, mais potente ele é no diagnóstico. Cães muito pequenos a visualização dos brônquios fica prejudicada. Não informa sobre integridade da traquéia.
Imagem tomográfica do colapso traqueal em um cão.
Fluoroscopia
Também padrão ouro no diagnóstico, porém não muito disponível no Brasil. Não permite ver a integridade da traquéia e nem retirada de material.
Fluoroscopia de um cão com colapso de traqueia
Radiografias
Usadas durante décadas como exame para fechar o diagnóstico, as radiografias tem baixíssima sensibilidade e potencial diagnóstico do colapso de traqueia em cães. Primeiramente se as radiografias mostrarem o colapso, é necessário descartar se não há sobreposição do esôfago como mostram as imagens abaixo.
Colapso Verdadeiro
Radiografia de falso colapso com sobreposição do esôfago sobre a traqueia
Peça anatômica mostrado a sobreposição do esôfago sobre a traqueia.
Próximo post falaremos dos tratamentos disponíveis.
Para agendar um consulta ligue para (16) 3237-2024 ou (16) 98252 -0132
sábado, 3 de agosto de 2019
COLAPSO DE TRAQUEIA - SINAIS CLÍNICOS
Os sinais clínicos/sintomas do cão com colapso de traquéia, variam de acordo com o grau de severidade do colapso. A idade média de manifestação dos sinais clínicos do colapso de traqueia é de 4 a 14 anos, sendo que 24% dos animais em uma pesquisa, apresentaram sinais antes dos 6 meses de idade. Os sinais clínicos/sintomas serão listados abaixo:
Tosse seca
Esse é o primeiro sinal clínico/sintoma do cão com colapso de traqueia. A tosse seca em cães é muito confundida com engasgos. Essa tosse seca no cão com colapso de traqueia em estágio inicial, começa após refeições e ingestão de água (por isso facilmente confundida com engasgos). Alguns cães realmente engasgam por comerem/beberem muito rápido ou por outras doenças associadas laringe e faringe. A tosse seca no cão com colapso de traqueia também pode começar principalmente durante atividades físicas, brincadeiras (correr atrás da bola, correr no quintal, brincar com outros cães) e momentos de ansiedade (proprietários sem de casa, quando voltam, quando ele sabe que vai sair para passear, hora da comida). Com a progressão da doença, a tosse seca passar a ser mais constante, podendo ocorrer ao longo do dia e noite, madrugada e até impedindo o cão de dormir e seus proprietários também. A tosse seca no cão com colapso de traqueia piora nos dias quentes e úmidos.
Cianose/Língua roxa
Devido a colapso de traqueia, o lúmen traqueal fica reduzido e portanto, a quantidade de ar que chega até os pulmões fica reduzida e com isso a chegada de sangue oxigenado nas extremidade do corpo fica prejudicada, por isso a língua fica roxa (tentando dizer numa forma mais simples). A língua roxa tende a ocorrer sempre após situações de ansiedade, agitação, esforço físico, caminhadas, brincadeiras, durante uma crise de tosse. A língua roxa raramente ocorre em repouso.
Síncopes/Desmaios
Esse sinal clínico/sintoma de cães com colapso de traqueia é grave e ocorre quando o colapso é de grau moderado a severo. Em termos gerais, devido ao colabamento da traqueia, pouco oxigênio chega até os pulmões para ser distribuído pelo sangue para o resto do corpo e com isso falta oxigenação no cerebral e o animal cai. Pode ocorrer também síncopes/desmaio durante uma crise de tosse pelo colapso de traqueia, porém o mecanismo fisiopatológico é outro. Novamente, em cães com colapso de traqueia o desmaio/síncope tendem a ocorrer durante situações de agitação, ansiedade, atividades físicas, brincadeiras, raramente em repouso. Alguns cães com colapso de traqueia, não chegam a desmaiar de cair do não, mas ficam tontos, como se estivessem querendo cair mas se esforçando para se equilibrar.
Ronqueira
A ronqueira também pode ser o sinal clínico inicial também no cão com colapso de traqueia. Ela pode ocorrer quando o cão fica agitado, ansioso, durante um momento de respiração mais rápida. O som se assemelha a um ganso. Vale lembrar que outros problemas como paralisia de laringe, prolongamento de palato moles podem levar a ronqueira também. O som se assemelha ao som de um ganso. Outro ponto a ser lembrado é sobre o espirro reverso, um entidade benigna que basicamente é ar um espirro para dentro, e o som é produzido por ar tentando entrar e ar tentado sair das vias aéreas.
Espirro Reverso
Ronqueira
Cansaço Fácil / Intolerância as Atividades Físicas
O cansaço fácil não é a respiração acelerada e sim a incapacidade de fazer as caminhadas habituais, incapacidade de correr atrás de bolinha, brincar com os irmãozinhos e etc. Nas caminhadas eles tendem a sentar, que muitos proprietários acham que o animal está fazendo "birra" para ser carregado. Nas corridas e brincadeiras eles param antes e ficam com a respiração mais frequente e ofegante. É nesse momento também que pode ocorrer uma crise de tosse seca e ronqueira.
Nosso próximo post será sobre como fazer diagnóstico do colapso de traqueia.
Tosse seca
Esse é o primeiro sinal clínico/sintoma do cão com colapso de traqueia. A tosse seca em cães é muito confundida com engasgos. Essa tosse seca no cão com colapso de traqueia em estágio inicial, começa após refeições e ingestão de água (por isso facilmente confundida com engasgos). Alguns cães realmente engasgam por comerem/beberem muito rápido ou por outras doenças associadas laringe e faringe. A tosse seca no cão com colapso de traqueia também pode começar principalmente durante atividades físicas, brincadeiras (correr atrás da bola, correr no quintal, brincar com outros cães) e momentos de ansiedade (proprietários sem de casa, quando voltam, quando ele sabe que vai sair para passear, hora da comida). Com a progressão da doença, a tosse seca passar a ser mais constante, podendo ocorrer ao longo do dia e noite, madrugada e até impedindo o cão de dormir e seus proprietários também. A tosse seca no cão com colapso de traqueia piora nos dias quentes e úmidos.
Cianose/Língua roxa
Devido a colapso de traqueia, o lúmen traqueal fica reduzido e portanto, a quantidade de ar que chega até os pulmões fica reduzida e com isso a chegada de sangue oxigenado nas extremidade do corpo fica prejudicada, por isso a língua fica roxa (tentando dizer numa forma mais simples). A língua roxa tende a ocorrer sempre após situações de ansiedade, agitação, esforço físico, caminhadas, brincadeiras, durante uma crise de tosse. A língua roxa raramente ocorre em repouso.
Síncopes/Desmaios
Esse sinal clínico/sintoma de cães com colapso de traqueia é grave e ocorre quando o colapso é de grau moderado a severo. Em termos gerais, devido ao colabamento da traqueia, pouco oxigênio chega até os pulmões para ser distribuído pelo sangue para o resto do corpo e com isso falta oxigenação no cerebral e o animal cai. Pode ocorrer também síncopes/desmaio durante uma crise de tosse pelo colapso de traqueia, porém o mecanismo fisiopatológico é outro. Novamente, em cães com colapso de traqueia o desmaio/síncope tendem a ocorrer durante situações de agitação, ansiedade, atividades físicas, brincadeiras, raramente em repouso. Alguns cães com colapso de traqueia, não chegam a desmaiar de cair do não, mas ficam tontos, como se estivessem querendo cair mas se esforçando para se equilibrar.
Ronqueira
A ronqueira também pode ser o sinal clínico inicial também no cão com colapso de traqueia. Ela pode ocorrer quando o cão fica agitado, ansioso, durante um momento de respiração mais rápida. O som se assemelha a um ganso. Vale lembrar que outros problemas como paralisia de laringe, prolongamento de palato moles podem levar a ronqueira também. O som se assemelha ao som de um ganso. Outro ponto a ser lembrado é sobre o espirro reverso, um entidade benigna que basicamente é ar um espirro para dentro, e o som é produzido por ar tentando entrar e ar tentado sair das vias aéreas.
Espirro Reverso
Ronqueira
Cansaço Fácil / Intolerância as Atividades Físicas
O cansaço fácil não é a respiração acelerada e sim a incapacidade de fazer as caminhadas habituais, incapacidade de correr atrás de bolinha, brincar com os irmãozinhos e etc. Nas caminhadas eles tendem a sentar, que muitos proprietários acham que o animal está fazendo "birra" para ser carregado. Nas corridas e brincadeiras eles param antes e ficam com a respiração mais frequente e ofegante. É nesse momento também que pode ocorrer uma crise de tosse seca e ronqueira.
Nosso próximo post será sobre como fazer diagnóstico do colapso de traqueia.
quarta-feira, 31 de julho de 2019
COLAPSO DE TRAQUEIA - ORIGEM
ORIGEM DA
DOENÇA
A origem do colapso de traqueia ainda
é desconhecida, mas acredita-se que algum gene seja responsável pelo seu desenvolvimento,
provavelmente de penetrância incompleta, pois a doença se manifesta em idades
variadas. Existem casos de cães que começaram a desenvolver a doença muito
jovens, cães que foram diagnosticados ainda jovens e só foram desenvolver
sinais clínicos na fase adulta ou idosa. Portanto, não se sabe se esses cães
que mostram sinais clínicos da doença na fase adulta /idosa, nasceram com a doença
e foram desenvolver os sinais clínicos tardiamente, ou se tiveram a doença por
deterioração cartilaginosa inerente à senilidade.
A fisiopatogenia da doença é a perda
de condroitina, glucosamina, aminoácidos e matriz proteica, deixando a
cartilagem flácida. Sobre a traqueia, tem o músculo dorsal, com a perda da
sustentação dos anéis cartilaginosos, o músculo se projeta rumo ao assoalho da
traqueia, fazendo então o colapso, como ilustra a figura abaixo. Erroneamente, radiografias
com compressão da região cervical são feitas e tendo o colabamento, o diagnóstico
do colapso é feito. Falaremos disso no post sobre diagnóstico.
A degeneração do tecido cartilaginoso leva a
inflamação que causa tosse (estímulo dos receptores da tosse). A passagem do ar
por um ducto estreito (traqueia colabada) em alta velocidade, provoca irritação
também, portanto, tem-se um círculo vicioso: irritação causa tosse – tosse causa
irritação. Por isso que, comumente em estágios inicias, cães tem boa resposta
ao uso de anti-inflamatórios (esteroidais ou não).
A degeneração é progressiva e crônica,
portanto, ela continuará, a despeito do uso de anti-inflamatórios ou suplementos
a base de matriz proteica (falaremos disso no post sobre tratamento). A
degeneração pode ser localizada (geralmente começa na região cervico-torácica) ou
generalizada, acometendo a traqueia em vários segmentos incluindo os grandes
brônquios. O animal pode ter variados
graus de colapso ao longo da traqueia.
É uma doença que acomete
principalmente cães de raças pequenas e toys, com predileção por raças como Yorkshire,
Spitz, Maltês e Poodle. É raro a ocorrência em cães de raças grandes. Em
Labrador e Golden Retrievers já foi relatada a ocorrência, mas vale lembrar que
nesses cães ocorre eversão de sacos laringeanos que imita com perfeição os
sinais clínicos de colapso.
No próximo post falaremos dos sinais
clínicos.
domingo, 28 de julho de 2019
COLAPSO DE TRAQUEIA EM CÃES
O colapso de traqueia em cães é uma doença muito grave e muito subestimada tanto pelos Médicos Veterinários quanto pelos proprietários dos animais.
Pouco se sabe sobre a patogenia e patologia do colapso de traqueia em cães, pois estudos mais complexos estão começando a ser feitos visto a grande incidência de casos.
Quando menciono que o colapso de traqueia é uma"doença subestimada pelos Médicos Veterinários" me refiro à falta de conhecimento dos sinais clínicos assim como novas opções de tratamento. Ouço muitas vezes quando estou atendendo um cão com colapso de traqueia, que o animal foi diagnosticado anos atrás, mas o Médico Veterinário disse que não tinha o que fazer. Quando na verdade já tinha sim, e se tivesse sido feito, o animal não estaria na condição em que chegou. Por isso afirmo da falta de conhecimento, estudo e atualização sobre colapso de traqueia em cães.
Por trabalhar com Cardiologia Veterinária profissionalmente há mais de 10 anos (não inclui a pós-graduação, senão seriam 12 anos), o principal sinal clínico/sintoma de doença cardíaca e cães é a tosse seca. Mas quando essa tosse não é de origem cardíaca ? Minha função era devolver o caso ao Clínico Geral. Porém, eu fui Clínico Geral antes de ser Cardiologista e me interesso não só em saber mais sobre qualquer assunto e também em poder ajudar meu paciente e meu colega Médico Veterinário. Por isso fui me aprofundar no assunto sobre tosse seca em cães e em colapso de traqueia também. Com muito orgulho digo que fui o primeiro Médico Veterinário brasileiro a implantar um stent traqueal de nitinol em cães no Brasil em 2012. E desde então, venho aprimorando a técnica.
O colapso de traqueia em cães não tem uma incidência certa, pois muitos casos não são devidamente diagnosticados (os exames não foram os adequados, esqueceu-se de outras doenças respiratórias que causam tosse), os sinais clínicos foram confundidos ou simplesmente a doença não foi nem sequer investigada.
Hoje já temos tecnologia disponível em Ribeirão Preto, para o diagnóstico preciso do colapso de traqueia em cães, assim como novas opções de tratamento, baseado nos resultados de exames de imagem e sinais clínicos. As novas opções de tratamento incluem desde a cirurgia de implante de stent intraluminal de nitinol até um novo medicamento que promoveu a cura em alguns casos (não foram os suplementos a base de condroitina/ glucosamina).
Nos próximos posts sobre colapso de traqueia em cães vou falar sobre sinais clínicos, diagnóstico e tratamento;
Toda quarta-feira teremos uma postagem nova.
Pouco se sabe sobre a patogenia e patologia do colapso de traqueia em cães, pois estudos mais complexos estão começando a ser feitos visto a grande incidência de casos.
Quando menciono que o colapso de traqueia é uma"doença subestimada pelos Médicos Veterinários" me refiro à falta de conhecimento dos sinais clínicos assim como novas opções de tratamento. Ouço muitas vezes quando estou atendendo um cão com colapso de traqueia, que o animal foi diagnosticado anos atrás, mas o Médico Veterinário disse que não tinha o que fazer. Quando na verdade já tinha sim, e se tivesse sido feito, o animal não estaria na condição em que chegou. Por isso afirmo da falta de conhecimento, estudo e atualização sobre colapso de traqueia em cães.
Por trabalhar com Cardiologia Veterinária profissionalmente há mais de 10 anos (não inclui a pós-graduação, senão seriam 12 anos), o principal sinal clínico/sintoma de doença cardíaca e cães é a tosse seca. Mas quando essa tosse não é de origem cardíaca ? Minha função era devolver o caso ao Clínico Geral. Porém, eu fui Clínico Geral antes de ser Cardiologista e me interesso não só em saber mais sobre qualquer assunto e também em poder ajudar meu paciente e meu colega Médico Veterinário. Por isso fui me aprofundar no assunto sobre tosse seca em cães e em colapso de traqueia também. Com muito orgulho digo que fui o primeiro Médico Veterinário brasileiro a implantar um stent traqueal de nitinol em cães no Brasil em 2012. E desde então, venho aprimorando a técnica.
O colapso de traqueia em cães não tem uma incidência certa, pois muitos casos não são devidamente diagnosticados (os exames não foram os adequados, esqueceu-se de outras doenças respiratórias que causam tosse), os sinais clínicos foram confundidos ou simplesmente a doença não foi nem sequer investigada.
Hoje já temos tecnologia disponível em Ribeirão Preto, para o diagnóstico preciso do colapso de traqueia em cães, assim como novas opções de tratamento, baseado nos resultados de exames de imagem e sinais clínicos. As novas opções de tratamento incluem desde a cirurgia de implante de stent intraluminal de nitinol até um novo medicamento que promoveu a cura em alguns casos (não foram os suplementos a base de condroitina/ glucosamina).
Nos próximos posts sobre colapso de traqueia em cães vou falar sobre sinais clínicos, diagnóstico e tratamento;
Toda quarta-feira teremos uma postagem nova.
ECOCARDIOGRAMA OU ECODOPPLERCARDIOGRAMA
O ecocardiograma ou ecodopplercardiograma é o exame mais completo para avaliação do coração. Quando realizado pelo Cardiologista Veterinário bem treinado, é possível fechar o diagnóstico de 99% das cardiopatias. Não há diferença entre os dois termos em Medicina Veterinária, ambos servem para descrever o "ultrassom do coração".
O ecocardiograma ou ecodopplercardiograma é um exame extremamente metódico que exige gigantesco conhecimento de anatomia e fisiologia do coração, assim como fisiopatologia das doenças, portanto DEVE SER realizado por um CARDIOLOGISTA VETERINÁRIO.
O ecocardiograma ou ecodopplercardiograma deve ser realizado em cães e gatos nas seguintes situações:
- Sempre que houver suspeitas de um problema cardíaco.
- Sempre que um sopro for auscultado.
- Sempre antes do animal ser anestesiado, independente da idade ou tipo de cirurgia.
- Filhotes cujas raças são predispostas a doenças do coração ( Schnauzer, Dobermann, Pastor Alemão, Collie, Setter Irlandês, Bulldog Francês, American Bully, Boston Terrier, Bull Terrier, Terra Nova).
- Acompanhamento de tratamento para doenças das válvulas cardíacas.
- Acompanhamento de pacientes em quimioterapia com doxorrubicina.
- Gatos cujas raças são predispostas ao desenvolvimento de cardiomiopatia hipertrófica (Persa, Maine Coon, Ragdoll, Sphynx).
- Cães diagnosticados com hipotireoidismo.
- Gatos diagnosticados com hipertireoidismo.
- Cães e gatos diagnosticados com insuficiência renal crônica.
- Gatos com perda de peso e apetite sem alteração em exames de sangue.
- Animais acima de 4 anos de idade cujas raças não são predispostas ao desenvolvimento de doenças cardíacas.
- Animais cujos pais possuem/possuíam doenças cardíacas.
Vale ressaltar que quando falo raças predispostas, não quer dizer que somente aquelas raças vão desenvolver a determinada doença. Essas raças mais predispostas são raças em que o gene para o desenvolvimento da doença é mais expressivo e frequente.
O ecocardiograma ou ecodopplercardiograma é um exame extremamente metódico que exige gigantesco conhecimento de anatomia e fisiologia do coração, assim como fisiopatologia das doenças, portanto DEVE SER realizado por um CARDIOLOGISTA VETERINÁRIO.
O ecocardiograma ou ecodopplercardiograma deve ser realizado em cães e gatos nas seguintes situações:
- Sempre que houver suspeitas de um problema cardíaco.
- Sempre que um sopro for auscultado.
- Sempre antes do animal ser anestesiado, independente da idade ou tipo de cirurgia.
- Filhotes cujas raças são predispostas a doenças do coração ( Schnauzer, Dobermann, Pastor Alemão, Collie, Setter Irlandês, Bulldog Francês, American Bully, Boston Terrier, Bull Terrier, Terra Nova).
- Acompanhamento de tratamento para doenças das válvulas cardíacas.
- Acompanhamento de pacientes em quimioterapia com doxorrubicina.
- Gatos cujas raças são predispostas ao desenvolvimento de cardiomiopatia hipertrófica (Persa, Maine Coon, Ragdoll, Sphynx).
- Cães diagnosticados com hipotireoidismo.
- Gatos diagnosticados com hipertireoidismo.
- Cães e gatos diagnosticados com insuficiência renal crônica.
- Gatos com perda de peso e apetite sem alteração em exames de sangue.
- Animais acima de 4 anos de idade cujas raças não são predispostas ao desenvolvimento de doenças cardíacas.
- Animais cujos pais possuem/possuíam doenças cardíacas.
Vale ressaltar que quando falo raças predispostas, não quer dizer que somente aquelas raças vão desenvolver a determinada doença. Essas raças mais predispostas são raças em que o gene para o desenvolvimento da doença é mais expressivo e frequente.
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